OS TEMPLÁRIOS

"Renato Burity Oliveira"

Fundado em 12 de junho de 1118, em Jerusalém por Hugues de Payens e Gogofredo de Saint Omer. Chamada de "Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão", a Ordem do Templo foi criada, para defender Jerusalém dos infiéis, guardar o Santo Sepulcro e proteger os peregrinos à caminho a Terra Santa.

Na época existiam os cruzados e os templários, onde Os Templários seguiram um objetivo bem diferente do que o da conquista de Jerusalém.   Baldwuin II, rei de Jerusalém, recebeu uma parte dos Templários nos alojamentos das estrebarias e ruínas do Templo de Salomão, onde permaneceram por nove anos e seus trabalhos e pesquisas, permaneceram secretos.  Ao se instalarem nas ruínas do templo de Salomão, diz-se que eles encontraram os túneis secretos que levavam ao tesouro da biblioteca oculta onde estavam guardados os segredos da antiga Ordem Hermética a qual pertenceu o rei Salomão, contendo também os diversos segredos de construção e arquitetura (gótica), segredos de navegação, as tábuas da lei e a arca da aliança, ressurgindo assim, os sagrados ideais de outrora, ocultado no interior de uma Ordem monástica com o nome de "Ordem dos Pobres Companheiros de Cristo", ficando conhecida mais tarde por "Ordem dos Pobres Cavaleiros do Templo de Salomão, ou do Templo de Jerusalém", e, finalmente "Ordem do Templo".

Vencidos os obstáculos, descobriram uma passagem oculta só conhecida antes por iniciados nos mistérios, e no fim dessa passagem, uma porta dourada onde estava escrito: "Se é a curiosidade que aqui vos conduz, desisti e voltai. Se persistirdes em conhecer os mistérios da existência, fazei antes o vosso testamento e despedi-vos do mundo dos vivos".

Ao entrarem, encontraram entre figuras estranhas uma forma de estátuas e estatuetas, um trono coberto de seda e sobre ele, um triângulo com a décima letra hebraica, YOD. Junto aos degraus do trono, estava a Lei Sagrada.

A Ordem do Templo sempre possuiu duas hierarquias, uma Interna e outra Externa. Faziam parte da Hierarquia Externa, os militares que defendiam a Terra Santa e os peregrinos que a ela se dirigiam. Já a Interna, era composta por homens que se dedicavam principalmente aos estudos herméticos e ocultos

Eles retornaram à Europa plenos de glória e mistérios e seu retorno coincidiu com a construção das primeiras catedrais góticas.

Os arquitetos romanos, com toda sua inteligência, aplicaram nas suas construções uma técnica pouco diferente daquela usada pelos construtores megalíticos, quando amontoavam pedras pesadas umas sobre as outras. Já a catedral gótica exige um conhecimento muito maior, assim como dados científicos, tradicionalmente recebidos ou geometricamente calculados e recalculados constantemente. Isso superava amplamente os conhecimentos daquela época.

Essas construções, surgindo de uma hora para outra, dentro de um curto espaço de tempo, dezenas ao mesmo tempo, faziam parte de um gigantesco projeto ainda não esclarecido para a humanidade.

De onde vieram esses operários especializados, do arquiteto ao escultor ou o chaveiro, num mundo de relativamente poucos habitantes? Seja como for, nasceu uma classe de operários de construção, treinados numa técnica exemplar e fisicamente livres para, em caso de necessidade, se locomover de uma oficina para outra, sem problemas.

Não é sem razão que se considera essas oficinas de construtores livres (chamadas loges, em francês) como precursores das lojas franco-maçônicas.

Os Templários juraram pobreza, castidade e obediência; não aceitavam adeptos, porém a Ordem dos Templários foi uma das mais ricas instituições posteriormente e contavam com milhares de adeptos.

Por trás da Ordem do Templo, se ergueram figuras míticas de personagem bem curiosa, que inspiraram o ideal Sinárquico Templário do Oriente em conjunção com os Ismaelitas do Velho da Montanha, os Cabalistas, Judeus da Espanha muçulmana, as Ordas do Khanat de Gengiskan , os Cavaleiros Árabes de Saladino, as Histórias do Cálice, romances e lendas da Távola Redonda, Parcival entre outros. Um ímpeto espiritual sem precedentes na história medieval.

Em 1128 de nossa era, ou seja, 10 anos após a fundação dos Templários,  o Papa Honório II aprova a Ordem Templária, dando a eles uma vestimenta especial, um hábito e um manto brancos. Em 1145 o Papa Eugênio III, lhes concede como distintivo, a cruz vermelha, que foi inicialmente usada do lado esquerdo do manto e mais tarde, também no peito. Em 1163, o Papa Alexandre III outorgou a carta constitutiva da Ordem, que na verdade parecia com as regras da Ordem Cistercense.

Devido às doações altíssimas de jóias e terras, os Templários tornaram-se riquíssimos, auferiram poderes e, até chegaram a só render obediência ao seu chefe o Grão-Mestre e ao Papa.

A Ordem do Templo era constituída de vários graus e o mais importante foi a dos Cavaleiros, descendentes de alta estirpe em sua maioria. Tinham também clérigos (bispos, padres e diáconos) e outras duas classes de Irmãos servidores, os Criados e Artífices.

O rei da França Felipe IV, o Belo e o Papa Clemente V, um francês que morava em Avignon e aliado do rei.  fizeram uma perigosa cilada, ajudada por opositores que, interessados na desmoralização da Ordem, contra ela, levantou graves acusações.

Em 13 de outubro de 1307, numa Sexta feira, mandou prender todos os Templários e seu Grão-Mestre, Jacques de Molay, os quais, submetidos à INQUISIÇÃO, foram por estes, acusados de hereges. Por meio de inomináveis torturas físicas, infligidas a ferro e fogo, foram arrancados desses infelizes, as mais contraditórias confissões.

O Papa, desejoso de aniquilar a Ordem, mantendo a hegemonia da Igreja de S. Pedro, e livrar-se da dívida, convocou o Concílio de Viena em 1311, com esse fim, mas não conseguiu. Convocou um outro, porém privado em 22 de novembro de 1312 e aboliu a Ordem, conquanto admitindo a falta de provas das acusações. As riquezas da Ordem foram confiscadas, mas é certo que uma grossa parcela foi parar nos cofres franceses de Felipe, o Belo.

A tragédia atingiu seu ponto culminante em 14 de março de 1314, quando o Grão-Mestre do Templo, Jacques De Molay e Godofredo de Charney, preceptor da Normandia, foram publicamente queimados no pelourinho diante da Catedral de Notre Dame, ante o povo, como hereges impenitentes. Diz-se que o Grão-Mestre, ao ser queimado lentamente, voltou a cabeça em direção ao local onde se encontrava o rei e imprecou:

"Papa Clemente, Cavaleiro Guilherme de Nogaret, Rei Felipe...Convoco-os ao tribunal dos céus antes que termine o ano, para que recebam vosso justo castigo. Malditos, malditos, malditos!...Sereis malditos até treze gerações".  E de fato, antes de decorridos o prazo, todos estavam mortos.

Em Portugal, o Rei D. Dinis não aceita as acusações. Com a chegada de grande parte dos templários em Portugal em 1307, o Rei D. Diniz os recebeu e funda a ”Ordem de Cristo! Que recebeu em 1416 D. Infante de Sagres como Grão-Mestre. Os templários tinham os segredos da arquitetura e construíram prédios góticos. Também possuíam segredos de navegação e astronomia”.

Na Inglaterra, o rei Eduardo II, que não concordara com as ações do sogro Felipe, ordena uma investigação cujo resultado proclama a inocência da Ordem.

 Na Inglaterra, Escócia e Irlanda, os Templários distribuíram-se entre a Ordem dos Hospitalários, Monastérios e Abadias. Na Espanha, o Concílio de Salamanca, declara unanimemente que os acusados são inocentes e funda a Ordem de Montesa, onde são acolhidos muitos dos Cavaleiros Templários. Na Alemanha e Itália os Cavaleiros permaneceram livres. Também os Rosas Cruzes, Grande Fraternidade Universal, e a OSTG (Ordem Sagrada do Templo e do Graal), receberam em seus Templos os Cavaleiros.

A destruição da Ordem Templária não suprimiu os ensinamentos mais profundos. A Maçonaria e a Ordem DeMolay mantém a mística até os dias de hoje.

Em 1498, o Cavaleiro Vasco da Gama conseguiria chegar às Índias. D. Henrique morreu em 1460, não assistindo portanto o seu triunfo.

E Portugal ia se tornando a maior potência marítima da terra.

A Ordem de Cristo, sendo prosseguimento da Ordem dos Templários tinham normas secretas e só conhecidas na totalidade pelo Grão-Mestre, e seus substitutos hierárquicos. Ao entrar na Ordem, o iniciado conhecia só uma parte das regras que o guiavam e, a medida em que era promovido, sempre em batalha, tinha acesso a mais conhecimento, reservados aos graus hierárquicos superiores. Rituais de iniciação marcavam as promoções. Foi essa estrutura que permitiu, mais tarde, à Ordem de Cristo manter secreto os conhecimentos de navegação do Atlântico.

Usavam a cruz vermelha em fundo branco nas naus portuguesas; a mesma que a Ordem dos Templários usavam.

O Castelo de Tomar virou a caixa-forte dos segredos que a Inquisição não conseguiu arrancar. Até a metade do século XV, os Cavaleiros saíram na frente sem esperar pelo Estado Português. Uma vez anunciada a colonização, eventualmente doavam à Família Real o domínio material dos territórios, mantendo o controle espiritual. A corte, interessada em promover o desenvolvimento da produção de riquezas e do comércio, cabia então consolidar a posse do que havia sido descoberto.

Os Templários tinham em suas mãos relatórios reservados de navegadores que já haviam percorrido regiões desconhecidas e ver preciosidades como as tábuas de declinação magnética, que permitiam calcular a diferença entre o polo norte verdadeiro e polo norte magnético que aparecia nas bússolas. E à medida que as conquistas avançavam no Atlântico, eram feitos novos mapas de navegação astronômica, que forneciam orientação pelas estrelas do hemisfério sul, a que também unicamente os iniciados tinham acesso.

Pedro Alvares Cabral só esteve no comando da esquadra porque como iniciado era Cavaleiro da Ordem de Cristo e como tal, tinha duas missões: criar uma feitoria na Índia e, no caminho, tomar posse de uma terra já conhecida (Brasil). Sua presença era indispensável pois só a Ordem de Cristo, herdeira da Ordem dos Templários tinha autorização para ocupar os territórios tomados dos infiéis.

A Espanha depois de vencer Portugal numa guerra de dois anos na fronteira, os reis Fernando e Isabel, começaram a interessar-se pelas terras de além mar. Com a viagem vitoriosa de Colombo à América, em 1492, o Papa Alexandre VI, um espanhol de Valência, reconheceu em duas bulas, a Inter Caetera, o direito de posse dos espanhóis sobre o que o navegante genovês havia descoberto e rejeitou as reclamações de D. João II de que as novas terras pertenciam a Portugal.

O Rei não se conformou e ameaçou com outra guerra. A controvérsia induziu os dois países a negociarem, frente a frente. Na Espanha, um tratado para dividir o vasto novo mundo que todos pressentiam: "O Tratado de Tordesilhas".

Mas à medida que foi sendo consolidado o comércio na rota das índias, a partir da sua descoberta em 1498, a coroa foi absorvendo gradualmente os poderes da Ordem. Até que em 1550 o rei D. João III fez o papa Júlio III fundir as duas instituições. Com isso, o grão-mestre passa a ser sempre o rei de Portugal, e o seu filho tem o direito de sucedê-lo também no comando  da Ordem de Cristo e das expedições.

Mas o sucesso atraía a competição. A Espanha, tradicional adversária, também fazia política no Vaticano para minar os monopólios da Ordem, em ação combinada com seu crescente poderio militar.

O cronista espanhol das negociações, Frei Bartolomeu de Las Casas, invejou a competência da missão portuguesa. No livro "História de Las Índias" , escreveu:

"No que julguei, tinham os portugueses mais perícia e mais experiência daquelas artes, ao menos das coisas do mar que as nossas gentes". Sem a menor dúvida, era a vantagem dada pela estrutura secreta da Ordem.

Portugal saiu-se bem no acordo. Pelas bulas Inter Caetera, os espanhóis tinham direito às terras situadas mais de 100 léguas a Oeste e Sul da Ilha dos Açores e Cabo Verde. Pelo acordo de Tordesilhas, a linha divisória e imaginária , que ia do polo norte ao polo sul, foi esticada para 370 léguas, reservando tudo que estivesse a leste desse limite para os portugueses.

 

Trabalho apresentado na A.·.R.·.L.S.·. Fraternidade Rionovense Or.·. de Ipiaú (BA), em 19.11.2003, pelo Ir.’. Renato Burity Oliveira.

Fonte:  Revista SuperInteressante -(A História Secreta do Descobrimento do Brasil) - Edição de março de 1998

 

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