A origem da Maçonaria se perde através das
infinitas muralhas do tempo. Remonta ao berço da sociedade humana. Volve ao
tempo dos primeiros ciclos da civilização.
Orientada para a utilidade sensorial e as
conveniências morais do gênero humano, desde eras imemoriais, pois veio
existindo a Sublime Instituição Maçônica. Nunca foi e nem será de nenhum
país: não é francesa, nem escocesa, nem americana ou inglesa, tampouco
hebraica ou egípcia. Por isso, não pode também ser sueca em Estocolmo,
prussiana em Berlim, turca em Constantinopla, lusa em Lisboa ou brasileira em
Brasília. É uma Instituição Una, Universal. Tem muitos centros de ação,
mas um só de unidade, resultante da sua unidade doutrinária, imutável no
perpassar dos séculos. Se ela tivesse perdido esse caráter de unidade e
universalidade, já haveria deixado de existir.
Isso não impede, todavia, que ela se revista
de certos aspectos peculiares em cada país, derivantes dos fatores históricos,
sociais e econômicos do ambiente em que atue.
Reunindo a totalidade dos seus filiados num
perfeito e disciplinado corpo de aparelhamento social, a Maçonaria logrou se
manter em atividade profícua pelas civilizações em fora, mostrando-se sempre
no seu caráter de organização indefectível e fazendo com que o seu benéfico
raio de ação abrangesse todas as conquistas da espécie humana.
Nos dias do pretérito, por exemplo, na
época dos magos egípcios, já a Maçonaria estava implantada na superfície da
Terra. Gozava do elevado conceito de uma Academia de Evolução gradativa,
atuante nos diversos setores de sua atividade. O alcance dessa mira de
aperfeiçoamento para a harmonia do conjunto, ela o desenvolvia mediante as
sugestões decorrentes das suas ensinanças do momento.
Na sua trajetória gloriosa, tomou as
denominações de "ORDEM DOS GUARDAS DA LEI DAS DOZE TÁBUAS",
"ORDEM DOS ESSÊNIOS", "ORDEM DOS TEMPLÁRIOS",
"ORDEM DO CARDO", "ASSOCIAÇÃO DOS PEDREIROS-LIVRES", e
outras mais.
O reflexo da atual Maçonaria deve ter feito
sentir-se nos tempos de Moisés, na Palestina dos Romanos e no Continente do
Velho Mundo.
O vocábulo - Maçonaria - derivou do termo
françês - maçon - que traduzido para o português, quer dizer -
"pedreiro". Eis como se justifica o motivo dos maçons serem
conhecidos como "pedreiros-livres".
Os antigos pedreiros de profissão da Europa
exerciam seus misteres isoladamente. Com o perpassar dos tempos, dado o
personalismo envolvente de suas atividades profissionais, reconheceram as
irrefutáveis vantagens de se associarem para melhor proveito na defesa de seus
direitos. Resolveram, então, formarem-se em Sociedade, à qual emprestaram o
nome simbólico de Maçonaria.
Essa Maçonaria da qual foram os mesmos
pioneiros teve a princípio um caráter apenas operativo. Uma vez agrupados e
constituídos em sociedade, começaram logo a ser procurados por outros de
funções diferentes, tais como arquitetos, carpinteiros, pintores etc.
Então, estes propuseram-lhes uma união na qual se estruturaria o
fortalecimento da Associação.
Mas, para que a Sociedade recém-criada
pudesse perdurar e progredir, impondo-se como força viva no seio de todas as
esferas de relações, tornou-se necessário que lhe emprestassem um cunho
místico, dirigido para todas as posteridades.
Não foi difícil a resolução adequada para
tem problema: à lembrança dos seus adeptos acudiu a existência da
"Ordem dos Templários", cujo prestígio era insofismável. Na
adaptação ao método da dita "Ordem" entrou o regime dos símbolos,
ligando-se, assim, à tradição dos Templos. Desse modo, surgiu a Maçonaria
moderna sem se divorciar de nenhuma formalidade das praticadas nos Templos dos
mistérios egípcios, essênios e templários. Escavar e origem dos citados
mistérios é cousa muito trabalhosa. Orientando-se, entretanto, pelas lendas
mais em voga, as raízes de tais mistérios foram reveladas no campo da
Maçonaria e tradicionadas na construção do famoso TEMPLO DE SALOMÃO.
Estendendo-se mais um pouco a investigação, descobrir-se-á que elas foram
identificadas em leves traços indiciários também nos antigos ritos dos povos
orientais.
Colocadas à margem, essas lendas, para se
aprofundar nos registros da história, serão, outrossim, encontradas nas
práticas das classes sacerdotais dos antigos persas, assírios e gregos-latinos,
estudantes dedicados da filosofia de vida, das mutações da natureza e das
influências dos astros. Fácil será descobrir, ao mesmo tempo, que os
mencionados sacerdotes houveram por bem convencionar vários símbolos e sinais
que ficaram eternizados nas esculturas de seus Templos, hoje oferecidos à
apreciação dos adeptos da Maçonaria.
Dócil aos intuitos de progresso, as fileiras
das primitivas associações dos pedreiros-livres foram-se avolumando;
ante a evidência de tal fato, em outras nações foram sendo fundadas
associações congêneres, funcionando sob os auspícios do Grande Arquiteto dos
Mundos. Templos foram erigidos em muitas localidades, aos quais deram
denominações de Lojas.
Os mestres
construtores e dirigentes de tais associações passaram a aceitar, como membros
honorários delas, patrões e pessoas de reconhecida cultura intelectual ou de
posses financeiras abonadas.
Muito embora se
tratasse de estranhos às profissões dos fundadores, eram adotados e recebidos
com bons augúrios, desde que se confessassem atraídos pela beleza dos
programas operativos e doutrinários por eles abraçados.
Em conseqüência,
naqueles Templos ombreavam-se criaturas de todas as raças e crenças, como que
ancoradas num mesmo porto de segurança e em busca da pérola mística da
fraternidade. Dentro de suas paredes, reuniam-se, galhardamente, hindus, com sua
incredulidade neste mundo e sua crença inquebrantável na vida futura;
budistas, com sua percepção de vida eterna, sua compaixão sem limites de sua
mansidão irremovível; maometanos, com sua sobriedade patriarcal, seus dogmas e
preceitos do AL-CORAN; judeus, com sua fidelidade férrea do Deus Único, tanto
nos bons como nos maus dias; cristãos, com sua temeridade ao Altíssimo,
transubstanciados no Amor Crístico, e espiritualista, com seu interesse
peculiar pelos mortos e os vivos etc.
Desse modo, para o
seio dos "maçons antigos" marcharam os "maçons aceitos".
Dentre estes, obteve destaque especial um grande Marechal-General escocês,
chamado Roberto Moray, que conseguiu, pela sua influência pessoal, conquistar a
cooperação de um outro escocês, de renome, Elias Ashmole, arqueólogo de
notável saber. Esses dois vultos, decorrido algum tempo, imprimiram grandes
reformas nos estatutos da associação e estabeleceram-lhes um novo método de
funcionamento, criando a liturgia ritualista.
Dessa forma, a
Sociedade mudou sua designação anterior: passou a ser conhecida por Maçonaria
Escocesa Antiga e Aceita.
Maçonaria, por ter sido
começada por pedreiros.
Escocesa, porque seus
primeiros orientadores intelectuais foram dessa nacionalidade.
Antiga, porque nela
continuaram os antigos fundadores.
Aceita, visto serem nela
admitidos elementos estranhos às profissões dos primitivos associados.
Em virtude do seu novo
método de orientação, permanecem estacionários os ideais da Maçonaria
Alta, por algum
tempo. Com a evolução dos conhecimentos de grande maioria dos associados, um
outro programa se impôs: passou ela a tratar do estudo das ciências, das artes,
da moral e do progresso da humanidade. Então, foram organizados corpos de
doutrina, e suas atenções depositadas nos intuitos de preparação dos seus
filiados no apostolado do Bem, das Virtudes, da Luz e da Verdade, advindos dos
elevados tirocínios das antigas iniciações. Aí, começou então o declínio da sua
feição inicial, para ser constituída a Grande Sociedade, que hoje é bastante
conhecida.
Tornou-se, verazmente, numa verdadeira academia de sentido moral, a expandir a mais pura de
todas as filosofias. Passou a ser um pequeno mundo ideológico implantado no
grande mundo geológico: a Instituição Orgânica da moralidade.
Fiel às suas
finalidades, veio construindo seus Templos, até os dias vertentes, sem nenhuma
tropelia, imbuída dos mais elevados princípios e tendo por roteiro várias
doutrinas transfundidas num único ideal. Nesses Templos, são esquecidas as
preocupações mundanas, os receios atribuladores; perdoam-se os agravos,
avivam-se as esperanças e suavizam-se as asperezas da vida. São Templos
Augustos do Amor divinizado e da fina educação cívica, verdadeiros retiros
silenciosos dos homens de boa vontade.
A sua
universalidade, o seu cosmopolitismo, a sua moral sã e seus princípios
salutares, tão belos como a criação, são apresentados em suas Lojas, para o
bem de todas as almas humanas.
A Maçonaria
proclama, desde a sua origem, a existência de um Princípio Criador, ao qual,
em respeito a todas as religiões, denomina Grande Arquiteto do Universo;
A Maçonaria não
impõe limites à investigação da verdade e, para garantir essa liberdade,
exige de todos a maior tolerância;
A Maçonaria é
acessível aos homens de todas as raças, classes e crenças, quer religiosas
quer políticas, excetuando as que privam o homem da liberdade de consciência,
da manifestação do pensamento, restrinjam os direitos e a dignidade da pessoa
humana e exijam submissão incondicional;
A Maçonaria além
de combater a ignorância em todas as suas modalidades, constitui-se numa
escola, impondo-se o seguinte programa:
a) Obedecer
às Leis democráticas do País;
b) Viver
segundo os ditames da honra;
c)
Praticar a Justiça;
d) Amar o
Próximo;
e) Trabalhar
pelo progresso do homem.
A Maçonaria proíbe
discussão político-partidária e religioso-sectária em seus Templos.
A par dessa
definição a Maçonaria, também, proclama os seguintes princípios:
Amar a Deus, a
Pátria, a Família e a Humanidade;
Praticar a
beneficência, de modo discreto, sem humilhar;
Praticar a
solidariedade maçônica, nas causas justas, fortalecendo os laços de
fraternidade;
Defender os direitos
e as garantias individuais;
Considerar o
trabalho lícito e dígno como dever do homem;
Exigir de seus
membros boa reputação moral, cívica, social e familiar, pugnando pelo
aperfeiçoamento dos costumes;
Exigir tolerância
para com toda forma de manifestação de consciência, de religião ou de
filosofia, cujos objetivos sejam os de conquistar a verdade, a moral, a paz e o
bem social;
Lutar pelo
princípio da eqüidade, dando a cada um o que for justo, de acordo com sua
capacidade, obra e méritos;
Combater e
fanatismo, as paixões, o obscurantismo e os vícios.
Os ensinamentos
maçônicos orientam seus membros a se dedicar à felicidade de seus
semelhantes, não só porque a razão e a moral lhes impõem tal obrigação,
mas também porque esse sentimento de solidariedade os faz irmãos.